Há algum
tempo, a imprensa nacional apresentou uma mãe revoltada com a professora que
obrigou seu filho a pintar uma parede por ele pinchada e de tê-lo constrangido
perante os colegas e por isto, não estava querendo ir mais à escola. A escola
tinha sido pintada por um mutirão de pais, professores e alunos durante um
final de semana e a professora ao ver o que o aluno tinha feito, tomou a
decisão correta de mandar o aluno pintar; decisão esta, que foi errada na
opinião da mãe e de 2% dos internautas que responderam a enquete no site da
Rede Globo; a maioria usou o bom senso e concordou com a professora.
Esta mãe
deveria era agradecer a professora por ter ensinando ao seu filho respeito e
responsabilidade com o patrimônio público e impondo-lhe regras e limites, o que
ele provavelmente não recebe em
casa. Alguns pais não educam seus filhos em casa, onde deve
ser a base para a educação, e quando o professor tenta fazer o que eles não
fazem, é criticado, agredido e até
processado. Este é um dos milhares de casos que ocorrem diariamente nas
escolas de todo o país e que a maioria do povo não fica sabendo. Professores,
alunos e pais se confrontam dentro e fora das salas de aula pelas inversões de
valores que a sociedade impõe a todos, como se fossem normais. Professores são
xingados, ameaçados e agredidos física e moralmente por alguns alunos e pais
que não compreendem o verdadeiro papel dos mesmos na escola. O professor não é
apenas um transmissor de conteúdos, mas que também contribui na formação
integral do aluno, ensinando-o valores morais e sociais, que muitas vezes não
são ensinados em casa.
Esses valores fazem com que o cidadão seja consciente de seus
deveres e direitos perante a sociedade. O que esta acontecendo na escola é um
reflexo de casa, os filhos não respeitam os pais e automaticamente não
respeitam os professores na escola.
Algumas
décadas atrás, o professor era considerado um segundo pai. Na escola, era uma
autoridade, tinha o respeito dos alunos e da sociedade. Alguns pais chegavam a
autorizar ao professor de ser rígido com seu filho quando o mesmo não se
comportasse, faltasse com o respeito ou não quisesse estudar. Atualmente,
estamos vendo o contrário: o professor não pode repreender o aluno na frente
dos demais; se falar em cidadania, é “chato”; quando disciplina, é
“autoritário”; se não enrola nas aulas, explica todo o conteúdo é, “certinho
demais”; se não falta, não chega atrasado ou não termina a aula antes do
horário é, “Caxias”; se não deixa o aluno gazear a aula, é “moralista”, se não
permite as conversas paralelas em sala de aula, é “enjoado”, ou seja, o
professor que ensina e tem compromisso com a educação é para alguns alunos um
professor ruim, é a inversão dos valores; ainda bem
que a maioria quer alguma coisa, mas os que não querem atrapalham e prejudicam
o bom andamento de uma aula.
Alguns pais
querem passar a responsabilidade de educar seu filho a escola, porque eles não têm tempo de educá-lo em casa,
estão sempre muito ocupados ou trabalhando e ficam ausentes da educação dele.
Em casa, dão tudo que o filho pede, não sabem dizer não no momento certo e por
isto, não impõe limites. Quando o filho chega à escola, o professor faz tudo ao
contrário dos pais: aplica regras, faz cobranças, impõe limites e ai, há o
confronto de valores. É quando alguns alunos se rebelam contra o professor e a
escola se transforma em campo de batalha, eles se tornam indisciplinados e até
agressivos. É lamentável que alguns pais apoiem os filhos e fiquem contra os professores,
mesmo sabendo que eles estão errados. Como afirmou Coelho Neto: “É na educação
dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.”
Durante o ano
letivo, todos os pais são convidados a participarem das reuniões de pais e
mestres para serem informados sobre a vida escolar de seus filhos, mas alguns
nunca comparecem. Quando o filho é reprovado, eles procuram a direção,
coordenação ou o professor para questionar, reclamar e culpá-los pelo fato.
Alguns
professores estão sendo desestimulados a continuar na profissão pela falta de
interesse dos alunos pelo estudo, pela pouca
valorização da sociedade, por ter a menor remuneração entre os profissionais
com formação equivalente e pela falta de compromisso dos políticos com a
educação, mesmo com a campanha do MEC mostrando a importância do professor no
desenvolvimento de um país.
Os pais
precisam refletir melhor sobre a importância deles na educação do seu filho,
acompanhando-o na escola, participando das reuniões para saber sobre o seu
desempenho e comportamento nos estudos; conversando com os professores,
coordenadores e direção para saber se ele está assistindo às aulas, se gosta de
estudar, se é bem comportado. As respostas logo aparecerão e os problemas com a
indisciplina poderão ser solucionados a tempo. Os professores querem que seus
alunos sejam bem educados e tenham sucesso na vida, porque apesar dos percalços
da profissão, a sua formação é de educador. Dessa forma, a educação das crianças
deve ser conduzida pelas duas maiores instituições da sociedade: família e
escola. Como afirmou Pitágoras: “Eduquem as crianças e não será necessário
castigar os homens.”
José Costa
Professor
de Educação física
CREF 000245-G/SE