quarta-feira, 8 de julho de 2015

Batula: saudades da minha infância

Há alguns dias, convidei minhas irmãs Cida e Lourdes para visitar o sítio de tia Alaide que foi de meus avós maternos, Felipe e Francisca Santiago, situado no povoado Batula em Itabaiana. Ao chegarmos lá, as lembranças de infância afloraram em nossas mentes e corações, já que passamos boa parte das férias escolares com nossos primos e tios no sítio batula.

   Durante a minha infância, passava as férias de julho e janeiro no sítio batula, ia à tarde ao Domingo ou pela manhã na segunda-feira com minha prima Maria, que considerávamos como uma irmã mais velha, e retornava na sexta-feira, sempre depois da farinhada. Íamos ao sítio a pé, através da estrada do Lagamar, que possuía o Barrado, uma passagem de água no inverno no sítio de Zé Massacrua. Chegando ao sítio de Zequinha de Céu, passávamos  a estrada estreita do batula e logo chegávamos ao riachinho, outra passagem de água no sítio de Sanches e na sequência tinha os sítios de João da Graça, Pio de céu e Antônio de céu que ficava ao lado do sítio de meus tios. Hoje, a estrada centenária do batula e a maioria dos sítios já não mais existem, dando lugar aos condomínios através da expansão imobiliária. No futuro, espero que o nome Povoado Batula seja mantido, mesmo após a compra de todos os sítios da região e adjacências.

     As férias de janeiro eram as melhores, pois o verão contribuía para nos divertimos mais e apreciarmos as frutas que eram abundantes neste período como a manga, caju, goiaba, pitomba e araçá, que geralmente achava no pasto.

     Um dia no sítio era muito legal: de manhã cedo acordava para ver meu tio João, padivão como o chamávamos, tirar leite das vacas,  tomava café e depois saia com meu primo Zé Carlos, o mais novo e da minha idade, para caçar passarinhos, pescar, chupar caju ou manga quando era a época, e tomar banho no riacho que passava no sítio de Seu Francisco, onde aprendi a nadar, enquanto meus tios e os primos Tonho, Zé, Luiz, Tereza e Maria saiam para trabalhar na malhada. Eles plantavam principalmente a mandioca para fazer farinha, macaxeira, batata, inhame, feijão, cebola e milho. Ao meio dia, voltávamos para o almoço, e de tarde ficávamos brincando de bola, furão, bola de gude, pular corda ou íamos visitar os sítios vizinhos de Antônio de céu, Joca e Nilo. À noite, depois do café, ficávamos no terreiro, onde meu tio contava estórias de trancoso, a luz dos candeeiros ou da lua quando o céu estava estrelado e que podíamos ver as luzes da cidade de Itabaiana. Às 7 ou 8 horas da noite, todos iam lavar os pés para dormir, eu dormia na rede, e enquanto o sono não vinha, ficávamos brincando de perguntar um aos outros, o que é o que é, até que um a um adormecia.

     Todas as semanas, na Quinta-feira, acordávamos cedo e íamos de carroça de burro buscar a mandioca para fazer farinha. Ao chegar à casa de farinha, a mandioca era raspada, passada no rodete, depois  a massa era prensada para secar e passada outra vez no rodete para virar farinha, enquanto isso, a água que saia da prensa caia no cocho, assentava e transformava-se em tapioca para fazer os bejus. A farinha era levada ao forno de barro, mexida até ficar sequinha, peneirada, embalada em sacos de pano e transportada na carroça de burro por meu tio João até o mercado, atualmente Mercado Zezé de Bevenuto, onde meus primos Zé, Antônio e Luiz vendiam-na na feira do sábado.

     Na sexta-feira, depois de feita a farinha, tia Alaíde peneirava a tapioca e fazia bejus de amendoim, coco e também de massa. Para as crianças, ela fazia com açúcar e menores e para o café era feito um enorme e dividido para todos. Às vezes, meus tios aproveitavam o forno quente para assar pé de moleque, que era preparado no início da semana quando era colocado um saco de macaxeira ou mandioca dentro da fonte para fazer a puba, uma massa que misturada com coco, açúcar e cravo, era colocada em palha de bananeira e assada. Na minha vida, nunca comi um pé de moleque igual ao de tia Alaide.

     Um dia especial no sítio era a comemoração do São João. Logo cedo os homens iam a procura no pasto de uma árvore comprida e fina para fazer o mastro e catar lenha seca para a fogueira. Ao mesmo tempo, as mulheres se deslocavam para a malhada para pegar espigas de milho, que misturadas depois com o coco eram preparadas várias comidas tradicionais como a canjica, pamonha, bolo de milho, mungunzá. Também eram feitos bolos de macaxeira  e puba e pé de moleque. À noite, acendia a fogueira e assavam as espigas de milho e também  batatas. Minha mãe e meus irmãos também passavam este dia especial no sítio e retornavam à tarde.

    Na época de caju, titia mandava eu e Zé Carlos catar castanhas debaixo dos cajueiros, e à tarde, depois de voltar da malhada, assava-as e quando esfriavam, nós as quebravam para comermos no café da noite.

     No sítio existiam três fontes, e todos os dias recebíamos a tarefa de buscar água de beber na fonte que ficava próximo a porteira do sítio, titia deixava a água assentar nos baldes e somente no outro dia, após amarrar um pano branco na boca do pote, a água era despejada para coar e poderia ser bebida.

     Como todo brasileiro, meus primos gostavam de futebol e resolveram  fazer um campinho de pelada no pasto, numa área próxima a fonte. Ao final da tarde, quando acabava o serviço na malhada, nós e os vizinhos jogávamos futebol até o entardecer.

     Em 1973, quando eu tinha 11 anos, eu e minha irmã Dete compramos de meia uma bicicleta Monareta e foi através dela que passei a ir para o sítio a qualquer dia da semana. Antes desta data, aprendi a andar de bicicleta na de Zé Carlos, pois ele estudava no Grupo Escolar Guilhermino Bezerra na Praça João Pessoa e a deixava na garagem de minha casa, e escondido, eu a pegava para andar na Rua 7 de Setembro. Aprendi depois de muitas quedas e arranhões.

     Já faz um bom tempo que titia mora na cidade, mas nunca deixou de ir ao sítio, principalmente porque cria algumas cabeças de gado.  Já fazia alguns anos que eu tinha visitado o batula. Como é bom lembrar o passado e matar as saudades das coisas e locais que nos fizeram tanto bem. Se fosse possível gostaria de voltar o tempo e reviver os bons momentos de infância que passei no sítio batula ao lado de meus familiares.


Por Professor José Costa

Fatos que marcaram minha vida

Ao completar 54 anos de vida, tive a ideia de dividir humildemente com amigos e familiares alguns fatos marcantes da minha vida pessoal, familiar e profissional. Como é quase impossível lembrar-me de todos os acontecimentos, vou relatar os mais importantes, memoráveis e inesquecíveis de minha vida, em ordem cronológica:

     Em 05 de julho de 1961, numa quarta-feira, nasci na casa situada a Praça João Pessoa com os cuidados e trabalho de parto da Cecília parteira. Meus pais Maria da Graça Costa e Josias Costa, já tinham dois filhos, Tonho e Cida, e posteriormente, nasceram Dete e Lourdes.

     Tive uma infância brincando e jogando pelada com meus amigos e irmãos na Praça João Pessoa, e passando finais de semana ou tirando férias escolares no sítio da minha tia Alaíde no Batula ou no sítio do meu tio Zequinha na Fazenda Grande.

     Aos 7 anos iniciei meus estudos na 1ª série do primário no Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Precisei levar umas chineladas de minha mãe por não querer ir à escola, mas é claro que fui e continuo estudando até os dias de hoje.

     Em outubro de 1972, quando eu tinha 11 anos, meu pai faleceu por motivo de doença. A partir daquele momento, mãe criou e educou os cinco filhos com amor e dedicação. No final do ano, terminei o 4º ano primário.

     Em janeiro de 1973, fiz a prova de admissão para estudar a 5ª série no Colégio Estadual Murilo Braga e fui aprovado, pois era o sonho de todos os alunos itabaianenses.

     Em 1976, comecei a praticar basquete nas aulas de educação física com o Professor Romilto Mendonça e foi onde surgiu a paixão pelo basquete que posteriormente marcou a minha vida profissional. Participei dos Jogos Estudantis em Aracaju pela a categoria A de basquete. A melhor classificação da minha participação nos jogos foi em 1979, um honroso 4º lugar, com o professor José Antônio Macêdo.

     No final do ano de 1979, concluí o 3º Ano do Segundo Grau, atualmente Ensino Médio.

     Em janeiro de 1980, fiz o vestibular para o Curso de educação física da UFS e fui aprovado, um sonho concretizado, pois desde a 8ª série já tinha decidido sobre a minha futura profissão, ser professor de educação física. Em Abril, um mês após ter iniciado os estudos na UFS, consegui o emprego de professor de educação física no Colégio Estadual Murilo Braga, já que naquela época, o universitário poderia ser contratado pelo Estado. Ainda no mesmo ano, especificamente no mês de Junho, comecei a namorar a aluna Madileide, com quem casei alguns anos depois.

     Nos Jogos da Primavera de 1981, ganhei minha primeira medalha como técnico de basquete pelo CEMB, campeão pela categoria A feminina de basquete, disputando a final contra o Colégio Castelo Branco, na quadra da Associação Atlética de Aracaju. Como técnico de basquete, ganhei mais de duzentas medalhas em competições oficiais com os colégios onde trabalhei.

     Em 1984 e até meados de 1985, fui coordenador de educação física do CEMB e ao mesmo tempo ensinei basquete. Em 1984, criei a Associação Itabaianense de Basquete para organizar, desenvolver e incentivar a prática do esporte em Itabaiana.

     Em agosto de 1985, conclui o curso de educação física da UFS e recebi o diploma no Ginásio de esportes Constâncio Vieira juntamente com os meus colegas e familiares. Mais um sonho realizado com muito esforço e dedicação, pois no período de 1980 a 1985 eu estudava e trabalhava.

     Durante 6 anos namorei com Madileide e em julho de 1986, nos casamos na Paróquia Santo Antônio e Almas de Itabaiana com as presenças de familiares, amigos e alunos. Neste ano, através de uma ideia minha, a Prefeitura de Itabaiana implantou o Projeto Rua de lazer, nele trabalharam os professores Valtênio, Benjamim, Wilson, Jair e Josiel.

     Em março de 1987, criei o Jornal do Basquete para informar e divulgar as notícias do basquete de Itabaiana.
 
   Em janeiro de 1988, fui ao colega e amigo Neto, vice-diretor do Colégio Graccho e solicitei o emprego de professor de basquete, fui atendido e trabalhei nesta grande instituição de ensino por 22 anos.
                   
     Em agosto de 1988, nasceu meu primeiro filho, Júnior; em novembro de 1990, o segundo, Lucas e em fevereiro de 1992, Thiago, três bênçãos de Deus em minha vida.

     Em março de 1989, com a indicação do coordenador Cobrinha, Jairton Guimarães, fui contratado pelo Colégio Salesiano para ensinar basquete. Trabalhei por 21 anos e aprendi muito com os ensinamentos de Dom Bosco, grande educaçdor.

     Em 1993, recebi o convite de Irmã Auxiliadora para dar aulas de basquete no Colégio Dom Bosco, aceitei e continuo até os dias atuais.

     Em 2003, minhas equipes do Colégio Dom Bosco venceram 3 copas sergipana de voleibol em Aracaju e ganhamos o direito de representar Sergipe nos Jogos Estudantis Brasileiro, JEBs, em Brasília. Ao final do ano, a Federação Sergipana de Voleibol, FSV, me escolheu como o melhor técnico de voleibol feminino do Estado.

     Em 2006 e 2007, assisti a duas competições internacionais, o Campeonato Mundial de Basquete feminino, em São Paulo e os Jogos Panamericanos, no Rio de Janeiro, respectivamente. Em ambas, meu filho Júnior viajou comigo.

     Em outubro de 2008, fui homenageado com uma placa pela Secretaria de Estado da Educação na solenidade de abertura do Encontro Estadual de Educação Física pelos relevantes serviços prestados a educação física no Estado.

     Em 2009, criei o Blog Professor José Costa com muita satisfação e orgulho, e que em breve, chegará a marca de 3 milhões de acessos. Ao final do ano de 2009, pedi demissão dos colégios Salesiano e Graccho por motivos pessoais. Sou agradecido pela acolhida e respeito ao meu trabalho por mais de 20 anos.

     Em 2010, recebi o convite de Everton Oliveira para dar aulas de educação física no Colégio O Saber, onde continuo até hoje. Em julho de 2010, conclui a Pós-Graduação em Gestão Ambiental: Recursos naturais e estratégias de sustentabilidade pela Faculdade Educacional Araucária - FACEAR e do Instituto Superior de Educação Avançada – MASTERIDEIA.

     O ano de 2013 foi o mais triste para mim e minha família, pelas mortes da avó de minha esposa, Dona Maria, da minha sogra, Dona Bernadete e principalmente de minha mãe, Maria da Graça Costa, a qual devo tudo que sou. Estas três mulheres de fibra marcaram minha vida e de todos os familiares, pois tiveram uma história de amor, dedicação e exemplo de vida as suas famílias. No mês de agosto, tive a alegria do nascimento de minha querida netinha, Laisa, a criança mais linda do mundo.

     Em setembro de 2014, o Sindicato dos Profissionais de Educação Física e o Conselho Regional de Educação Física me homenagearam com um troféu pelo trabalho dedicado à modalidade esportiva Basquetebol no Estado de Sergipe.

     Em abril de 2015, fui homenageado pela Associação Basquete Coletivo pelos 35 anos dedicados ao basquete sergipano como técnico, mestre e amigo do esporte.

     Agradeço a Deus pelos 54 anos de existência e rogo a Ele que continue abençoando e iluminando minha caminhada, concedendo-me muitos e muitos anos de vida para que eu possa  contar mais fatos marcantes de minha vida.


Por José Costa

Pobre futebol brasileiro

Pela segunda vez consecutiva, o Brasil foi eliminando pelo Paraguai nas cobranças de pênaltis das quartas de final da Copa América. A desculpa desta vez foi uma virose que acometeu alguns jogadores durante a semana. E com este resultado, a seleção brasileira ficará de fora pela primeira vez da Copa das Confederações, competição a qual  o Brasil já venceu 4 vezes,  e que em 2017 será realizada na Rússia, servindo de preparação para a Copa do Mundo de 2018.
  
     O futebol brasileiro está em decadência já faz algum tempo, a prova disso, foi a derrota da seleção brasileira por 7 a 1 frente à Alemanha na Copa do Mundo de 2014, o maior vexame que o Brasil já passou nos gramados. Alguns dias atrás, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foi detido na Suíça, juntamente com outros membros da FIFA pela acusação de corrupção, e com isto, surgiram boatos nas redes sociais da venda do jogo final da copa pelo Brasil a Alemanha. Pessoalmente não acredito nesta versão, o Brasil perdeu o jogo foi por incompetência e falta de amor dos jogadores pela camisa da seleção brasileira. Além de que a Alemanha era uma equipe com melhor nível técnico.

     Atualmente, os melhores jogadores de futebol do país jogam em clubes da Europa e recebem milhões em salários e patrocínios, com isto, vestir a camisa verde amarela e representar o país em uma competição e só mais um compromisso profissional. Enquanto isto, a maioria dos atletas que jogam no Brasil recebem até dois salários mínimos por mês, às vezes com salários atrasados pelos clubes e jamais serão convocados para a seleção brasileira.

     Não sou contra a convocação de jogadores que jogam na Europa, pois se eles estão jogando lá é porque são bons, mas o técnico da seleção deveria priorizar jogadores que estão disputando os nossos campeonatos regionais e nacionais para valorizá-los, e com isto, melhorar o nível técnico dos atletas e das competições e consequentemente da seleção brasileira.

     Atualmente, o Brasil está em 5º lugar no ranking da FIFA, mas provavelmente após a derrota na Copa América, cairá algumas posições. Enquanto o futebol brasileiro está ficando pobre de títulos e de nível técnico, os torcedores desiludidos com os resultados da seleção; alguns jogadores, dirigentes e clubes estão cada vez mais enriquecendo com o esporte. Cabe aos torcedores cobrarem dos dirigentes, técnicos e jogadores mais responsabilidade, compromisso e amor pela grande paixão dos brasileiros, o futebol. E quem sabe no futuro, o Brasil volte a ter o verdadeiro futebol, ser campeão e o número 1 no mundo.


Por Professor José Costa

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Professor José Costa é homenageado pela Associação de Basquete

Ontem à tarde, tive a honra e satisfação de ser homenageado pela Associação Basquete Coletivo – ABC, pelos 35 anos de serviços prestados ao basquete sergipano como técnico, mestre e amigo do esporte. Esta homenagem ocorreu durante o Jogo das Estrelas, o qual atuei como técnico convidado pela equipe Red Team que enfrentou Blue Team. As equipes foram formadas pelos 20 melhores atletas e escolhidos pelos votos de todos os participantes da Copa Sergipe de Basquete 2015. Este jogo marcou o fim da fase classificatória e o início das semifinais da copa, torneio este disputado por 12 equipes, envolvendo mais de 140 atletas do sexo masculino. O jogo  das estelas foi disputado na quadra do Pronatec IFS, em Aracaju.

Foi um prazer e alegria rever ex-alunos dos colégios que trabalhei no basquete sergipano: Salesiano, Graccho e Murilo Braga, entre eles: Themys Tadeu, organizador do evento; Rogério, Gustavo, Edivaldo, Bruno, Sidney Teles, Edson, Sandro, Gilberto, Deraldo e também o Professor Fábio Maciel, técnico homenageado da equipe Blue Team. Obrigado a todos pela singela homenagem!


Professor José Costa

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Medalhas: ganhar ou perder faz parte da disputa

O sonho e objetivo de atletas e técnico na preparação de uma equipe é ganhar uma medalha no final da competição, principalmente a de ouro. E isto vem acontecendo há 35 anos na minha vida profissional e de meus alunos das escolas que trabalho e trabalhei.
    
     Neste período atuei como técnico de basquete pelos colégios Murilo Braga, Salesiano e Graccho; de voleibol e handebol com o Dom Bosco e futsal com O Saber, ganhando  mais de duzentas medalhas em competições oficiais, entre elas: Jogos da Primavera, Jogos Infantis, Campeonato sergipano de basquete, Jogos da TV Sergipe, Jogos Estudantis, Jogos das Escolas Particulares de Sergipe, Copa Sergipana de voleibol, Jogos Escolares da Rede Pública de Sergipe, Nordestão Salesiano, Olimpíada Anglo, Jogos Estudantis da Rede Pitágoras, Jogos das Escolas Particulares de Itabaiana.

Todas as medalhas que ganhei como técnico foram importantes para mim e tenho boas recordações, mas a primeira é inesquecível, foi a medalha de ouro no basquete dos Jogos da Primavera com a categoria A feminina do Colégio Estadual Murilo Braga, em 1981, onde enfrentamos na final a equipe do Colégio Estadual Castelo Branco, na quadra da Associação Atlética de Sergipe, em Aracaju. A equipe titular era formada por: Rita de Cássia, Gicelma Santos, Rosângela Souza, Irlene Porto e Luciene Vasconcelos. Foi a minha segunda participação nos jogos.

Como técnico disputei quatro vezes as Olimpíadas Escolares-JEBs em 2002, 2005, 2008 representando o estado com o basquete do Salesiano e em 2003, com o voleibol do Colégio Dom Bosco. Apesar de não se classificar entre os primeiros colocados e obviamente não ganhar medalhas, um fato curioso é que talvez eu seja um dos técnicos ou o único do Brasil a disputar os JEBs por dois esportes coletivos e escolas diferentes. Em 2005, ganhei uma medalha de participação dos JEBs, em Brasília.

     Talvez eu seja o técnico de esporte coletivo em Sergipe que mais ganhou medalhas em competições oficiais, pelo fato que trabalhei em 4 colégios que estão entre os maiores do estado e sempre obtive bons resultados, não apenas com escolas particulares como o Salesiano, Graccho e Dom Bosco, mas principalmente com a pública, o Murilo Braga, e por dois esportes, o basquete e voleibol. Geralmente a maioria dos técnicos é melhor por uma rede de escola ou apenas em um esporte, por isso disputa menos competições, diminuindo as chances de sempre ganhar medalhas.

     Algumas das minhas equipes não ganharam medalhas em competições, mas nem por isso os alunos foram menos importantes dos que as ganharam, pois ganhar e perder faz parte da disputa e serve de exemplo para a vida. Através do esporte, mais do que medalhas, os alunos ganharam saúde, desenvolvimento físico, valores e princípios que serão úteis por toda a vida.

     Relato estes fatos da minha profissão não para me enaltecer, mas para que fiquem registrados e nunca sejam esquecidos, pois podem servir de exemplo, lição e motivação de vida a outras pessoas.  Tenho orgulho não de ter ganho mais de duzentas medalhas, mas sim de ter contribuído na formação integral de milhares de alunos através do esporte ao longo de 35 anos de trabalho.

Por Professor José Costa

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O esporte em Itabaiana

O maior orgulho dos itabaianenses no esporte é com certeza o time de futebol profissional, a Associação Olímpica de Itabaiana, que foi fundada em 1938 como Botafogo Futebol Clube e depois passou a se chamar Itabaiana Esporte Clube. O Itabaiana sagrou-se campeão do Nordeste e vice-campeão Norte-Nordeste em 1971 e por 10 vezes campeão sergipano nos anos de 1969, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, 1997, 2005 e 2012. As maiores conquistas da AOI tiveram à frente o desportista José Queiroz da Costa como presidente. O tremendão da serra participou da Taça Brasil, Taça de Prata, Taça de Ouro, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Atualmente o Itabaiana está disputando o campeonato sergipano da 1ª divisão e tem como presidente o Professor Edivaldo Lima.

     O campeonato amador de futebol é uma sensação em nosso município. É realizado há mais de 40 anos com dezenas de equipes e disputado nos finais de semana em campos de pelada da cidade e dos povoados. Por meio dele,  é dada aos atletas não profissionais a oportunidade de disputarem um torneio que incentiva as pessoas que trabalham durante a semana e só tem os finais de semana para praticar esporte. Ao longo dos anos, o campeonato vem revelando vários atletas para o futebol profissional.

     O futsal itabaianense também teve um destaque especial em nossa cidade nas décadas de 60 e 70, na quadra do G.L.E.I, onde hoje é a loja M.Sobral. Através do desportista “Chico Cantagalo”, foram realizados diversos campeonatos adultos, os quais revelaram vários jogadores para  o Itabaiana e os times de Aracaju.

     Em 1972, o desportista Wilson Cunha, o “Gia”, fundou o Coritiba Foot Ball Clube que se sagrou heptacampeão sergipano de futsal adulto, entre 1993 e 1999, participou de três campeonatos brasileiro de futsal, conquistou os títulos da Copa do Nordeste em 1992 e da Copa Norte-Nordeste de futsal em 1998. No futebol, o Coritiba conquistou o título de campeão da segunda divisão do campeonato sergipano em 1999 e 2013, foi vice-campeão da primeira divisão do sergipano em 1999 e também participou da Copa do Nordeste de futebol em 2000. Em 2015, o Coritiba está disputando o campeonato sergipano de futebol da 1ª divisão.

     No esporte escolar, o Colégio Estadual “Murilo Braga” foi o maior celeiro de atletas do interior e um dos dez melhores de Sergipe em todos os tempos, obtendo excelentes resultados nos Jogos da Primavera, Infantis, Estudantis e das Escolas Públicas. O CEMB destacou-se no basquete, futsal, futebol de campo, handebol, voleibol, ciclismo, atletismo, tênis de campo e outros esportes individuais, por meio de um trabalho de dedicação, abnegação e competência dos professores Gersonito Santos, José Antonio, Manoel da costa Lima, Ronaldo Lima, Wilson Reis, Alberto Fontes, Benjamim Alves, Marcos Lima, Valtênio Alves, Nivaldo, Jair Marinheiro, Josiel Souza, Henrique Santos, José Costa e outros mais que ensinavam à iniciação esportiva. Já faz alguns anos que o Murilo Braga não participa de competições oficiais no estado.

     Durante 27 anos, a Associação Itabaianense de Basquetebol realizou o maior campeonato de basquete do estado com a participação de milhares de alunos e ex-alunos do Colégio Estadual Murilo Braga. Os torneios foram disputados na quadra do Módulo Esportivo de Itabaiana e no Ginásio de esportes “Miltão” do CEMB e tiveram a divulgação pelos meios de comunicação, especialmente pelas Rádios Capital do Agreste e Princesa da Serra que transmitiram jogos ao vivo, FM Itabaiana, TV Sergipe, TV Atalaia e por todos os jornais do estado que divulgavam semanalmente os boletins atraindo centenas de pessoas para assistirem os jogos.

     A Rua de Lazer foi outra atividade que teve uma importância fundamental para a massificação do esporte amador em Itabaiana, com milhares de crianças e jovens participando nas ruas da cidade e nos povoados de atividades recreativas e esportivas, aos domingos e feriados. O projeto foi iniciado em 1985 pela Prefeitura Municipal de Itabaiana que infelizmente acabou em 1989 com a mudança do comando político municipal na época. Os professores de educação física José Costa, Valtênio Alves, Wilson Reis, Benjamim Alves, Jair Marinheiro e Josiel Souza foram os responsáveis pelo projeto. Anos mais tarde, o Vereador Wilson Reis retornou a Rua de Lazer com sua equipe. Atualmente, a Rua de Lazer não está sendo realizada em nosso município.

     Ao longo dos anos, vários espaços foram importantes para o desenvolvimento do esporte em Itabaiana destacando-se o Módulo Esportivo antigo campo Etelvino Mendonça onde a AOI ganhou o primeiro título estadual em 1969; o Estádio Presidente Médici; as quadras de cimento do CEMB, hoje situado o Ginásio de Esportes Miltão; a quadra do G.L.E.I e os campos de pelada do município. Em breve, o governo do estado construirá um moderno ginásio de esportes no local do Módulo Esportivo e fará a reinauguração do “Miltão”, o ginásio do Murilo Braga, que ficou abandonado por mais de 4 anos.

     Itabaiana sempre foi respeitada por todos sergipanos quando o assunto é esporte, seja ele, profissional ou amador, porque ao longo de décadas os itabaianenses sempre tiveram a honra de representar nosso município em competições estaduais e nacionais com competência e acima de tudo por ter orgulho de ser “ceboleiro”, como nós somos chamados pelos nossos adversários. O apelido foi dado a nossa gente pelo fato de que anos atrás o nosso município era o maior produtor de cebola de Sergipe e um dos maiores do Nordeste.          
                                                                                  
     Que o esporte  seja cada vez mais incentivado e valorizado em nosso município pelas escolas, clubes, associações e principalmente pelo poder público, para que  o mesmo continue contribuindo na formação integral de milhares de crianças e jovens itabaianenses tão carentes de espaços esportivos, competições esportivas e atividades de lazer saudáveis.

José Costa
Professor de Educação Física

CREF 000245-G/SE

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

No Brasil, quem paga os rombos das contas públicas?

No Brasil quem é penalizado quando os governos querem equilibrar as contas públicas ou cortar gastos são os trabalhadores e funcionários públicos, que não tem nenhuma culpa por administrações incompetentes, desvios de dinheiro, rombos no orçamento ou gastos excessivos em campanhas eleitorais. E isto vem acontecendo de tempos atrás aos dias atuais, através dos governos estadual e federal, quando são aprovadas leis que retiraram direitos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores.

     Ao longo dos anos, os trabalhadores e funcionários públicos, em especial os professores, classe a qual pertenço, vêm sendo penalizados com medidas provisórias e leis injustas impostas pelos governos, tais como:

     Em 1986, no governo de Sarney, a inflação no Brasil chegou a 225% ao ano. Em 1987, a inflação chegou a 366% e em 1988, 933%. Com esta situação, o governo federal criou o gatilho salarial, um reajuste automático que protegia os salários dos trabalhadores de ser corrompido pela inflação, quando atingisse ou ultrapassasse a casa dos 20%. No mesmo período em Sergipe, o governo Valadares não pagou o gatilho salarial aos professores, e só reajustou o salário dos servidores na data base e com o percentual abaixo da inflação, com isto, um professor graduado chegou a ganhar menos de um salário mínimo no seu vencimento, como nenhum funcionário poderia receber menos do que o mínimo, então o governo pagava um abono para equiparar ao salário.

     No governo de João Alves Filho foi retirada a gratificação de regência de classe dos professores, ficamos um mês sem receber, mas o sintese (sindicato dos professores de Sergipe) entrou com uma ação na justiça, a qual determinou o governo a devolver o que tinha retirado e continuar pagando a mesma.

     O governo de Albano Franco seguiu a política neoliberal do governo federal de Fernando Henrique do PSDB não concedendo aumento salarial aos funcionários públicos durante o seu mandato. Em 1999, criou o FUNASERP/SE (Fundo de Aposentadoria do Servidor Público Estatutário do Estado de Sergipe), uma contribuição previdenciária, no salário de todos os funcionários públicos, mas que foi derrubado pela justiça, determinando a devolução do dinheiro retirado dos contracheques. Em 2001, enviou um projeto a assembleia que dividia o IPES em ipessaúde e ipesprevidencia com os percentuais de 4% e 13%, perfazendo um total de 17%. O índice de 13% pago pelos funcionários públicos sergipanos só é menor que o do  estado de Pernambuco de 13,5%, o da Bahia é de 12% e maior que os demais estados do Brasil e inclusive do INSS que é de  11%. Também em 2001, o governo criou o redutor salarial, onde os professores tiveram reduzidos parte de seus salários, e que foi também derrubado pela justiça e determinado o ressarcimento dos valores indevidamente descontados.

     Foi no governo de Fernando Henrique do PSDB, que os professores foram mais prejudicados em suas carreiras, quando da aprovação no congresso e sancionada pelo Presidente a Emenda Constitucional 20 de 15 de dezembro de 1998, onde o professor para obter o direito à aposentadoria precisava ter contribuído a previdência por 30 anos e a idade de 55, e a professora ter contribuído por 25 anos e a idade de 50. Esta lei prorrogou a aposentadoria de milhares de professores por todo o Brasil. A mesma emenda permitia aos professores, através da regra de transição, que estivessem próximos da aposentadoria até 15 de Dezembro de 1998, fossem aposentados com 53 anos de idade e 30 de contribuição e as professoras com 48 anos de idade e 25 de contribuição.

     Em 31 de Dezembro de 2003, o Presidente Lula do PT promulgou a Emenda Constitucional 41 que reduziu ainda mais os direitos previdenciários dos servidores públicos. A Emenda manteve a regra de transição, mas fixou pesado redutor de salário de 3,5% e 5% a cada ano de antecipação, se a aposentadoria fosse antes ou depois de 31 de Dezembro de 2005, respectivamente, para o sexo masculino e feminino. Esta lei obrigou os professores não optarem pela aposentadoria antes dos 55 anos e as professoras antes dos 50 anos, que eram as idades mínimas. Esta lei está em vigor até os dias atuais. As leis mudaram as aposentadorias dos servidores públicos, e em especial, aos dos professores, mas menos a dos políticos, que continuam especiais.

     O que mais me deixa indignado e revoltado é saber que Deputados Estaduais e Federais se aposentam com salário integral após 3 legislaturas, ou seja, 12 anos de “trabalho” e os Senadores após um mandato de 8 anos, e foram eles que aprovaram as mudanças nas leis. Os Governadores e o Presidente que promulgam as leis se aposentam após um mandato, ou seja, com 4 anos de “trabalho”, recebendo o salário igual ao Desembargador Estadual se for Governador e igual ao Ministro do Supremo Federal se for Presidente. Eles mudaram a Lei da aposentadoria dos professores e dos servidores públicos, mas a deles não, deve ser porque eles trabalham muito, ganham pouco e a expectativa de vida deles é baixa.

     Em 2008, no segundo mandato de Lula, foi aprovado pelo congresso e sancionado por ele, o piso nacional dos professores. A esperança que dias melhores viriam para os professores de todo o Brasil.  A princípio, alguns estados e municípios brasileiros não pagaram o piso alegando a falta de dinheiro, entre eles, os governos do PT de Jacques Wagner da Bahia e Tarso Genro do Rio Grande do Sul, este foi até Ministro da Educação no governo de Lula. E por falar em ministro, Dilma que declarou que o lema do seu governo será “Brasil Pátria Educadora”, nomeou Cid Gomes para a pasta da educação, que quando foi governador do Ceará também não pagou o piso aos professores. Em 2011, o STF reconheceu a constitucionalidade do piso e validou a partir de 27 de Abril de 2011 determinando que todos os professores tivessem direito ao mesmo. Atualmente, ainda tem estados e municípios que não pagam o piso, isso é Brasil.

      O governo de Marcelo Deda, pagou o piso em 2010, mas em 2011, com a prerrogativa de continuar pagando o piso aos professores sergipanos fez um acordo com o sintese congelando algumas gratificações e diminuindo a regência de classe de 60% para 40%, mas em 2012, alegando que não podia pagar os 22,22% aos professores graduados enviou um projeto a assembleia legislativa que determinava o pagamento do piso somente aos professores que não tinham o curso de graduação, prejudicando a carreira dos demais. Em 2013 e 2014, o piso dos professores foi pago pelo governo de Jackson Barreto, mas o de 2012 não foi pago até os dias atuais.

     No final do ano de 2014, os trabalhadores brasileiros receberam um presente do governo federal, um pacote de medidas que tira direitos previdenciários a partir de 2015, apesar de a candidata Dilma ter  prometido em campanha eleitoral que não mexeria nos direitos trabalhistas. Entre as medidas estão as restrições ao acesso do seguro-desemprego, abono salarial (PIS), auxílio-doença e mudanças nas regras das pensões.

     No dia 15 de Dezembro de 2014, o governo do estado na administração de Jackson Barreto enviou alguns projetos de lei a assembleia legislativa que retiravam direitos trabalhistas de todos os servidores públicos estaduais, os quais foram aprovados pela maioria dos deputados estaduais na reunião que perdurou até às duas horas da madrugada do dia 16. Entre os projetos, a extinção da gratificação do 1/3, que determina aos que já recebem , estando ativo ou aposentado o valor do adicional deixa de ser percentual (33,3%), e passa ser nominal, reajustado quando houver revisão geral dos servidores públicos e quem não recebe ainda, perde o direito. O Departamento Jurídico do Sintese entrou com um Mandado de Segurança solicitando a ilegalidade da aprovação do projeto.

     Há 35 anos sou funcionário público estadual exercendo a função de professor, e venho escutando promessas dos políticos de que a educação seria prioridade em seus governos e os professores valorizados. Pura ilusão, não me lembro do ano em que os professores não fizessem greve no estado para que seus direitos trabalhistas fossem respeitados e garantidos.

     Não duvido de que no futuro os governos queiram acabar com o 13º salário, FGTS, licença prêmio, férias remuneradas, seguro-desemprego ou auxílio-doença, e com certeza vão aumentar a idade mínima para o trabalhador se aposentar, pois assim sobrará mais dinheiro e eles criarão milhares de empregos para os “companheiros” em cargos comissionados com altos salários que certamente não serão penalizados com leis citadas acima.

    Os políticos são todos farinha do mesmo saco, pois quando estão na oposição defendem os trabalhadores e criticam veemente os da situação, mas quando chegam ao poder fazem igual ou pior dos que lá estavam e vice-versa. “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, esta é a situação dos trabalhadores no Brasil.

     Por Professor José Costa