quarta-feira, 8 de julho de 2015

Batula: saudades da minha infância

Há alguns dias, convidei minhas irmãs Cida e Lourdes para visitar o sítio de tia Alaide que foi de meus avós maternos, Felipe e Francisca Santiago, situado no povoado Batula em Itabaiana. Ao chegarmos lá, as lembranças de infância afloraram em nossas mentes e corações, já que passamos boa parte das férias escolares com nossos primos e tios no sítio batula.

   Durante a minha infância, passava as férias de julho e janeiro no sítio batula, ia à tarde ao Domingo ou pela manhã na segunda-feira com minha prima Maria, que considerávamos como uma irmã mais velha, e retornava na sexta-feira, sempre depois da farinhada. Íamos ao sítio a pé, através da estrada do Lagamar, que possuía o Barrado, uma passagem de água no inverno no sítio de Zé Massacrua. Chegando ao sítio de Zequinha de Céu, passávamos  a estrada estreita do batula e logo chegávamos ao riachinho, outra passagem de água no sítio de Sanches e na sequência tinha os sítios de João da Graça, Pio de céu e Antônio de céu que ficava ao lado do sítio de meus tios. Hoje, a estrada centenária do batula e a maioria dos sítios já não mais existem, dando lugar aos condomínios através da expansão imobiliária. No futuro, espero que o nome Povoado Batula seja mantido, mesmo após a compra de todos os sítios da região e adjacências.

     As férias de janeiro eram as melhores, pois o verão contribuía para nos divertimos mais e apreciarmos as frutas que eram abundantes neste período como a manga, caju, goiaba, pitomba e araçá, que geralmente achava no pasto.

     Um dia no sítio era muito legal: de manhã cedo acordava para ver meu tio João, padivão como o chamávamos, tirar leite das vacas,  tomava café e depois saia com meu primo Zé Carlos, o mais novo e da minha idade, para caçar passarinhos, pescar, chupar caju ou manga quando era a época, e tomar banho no riacho que passava no sítio de Seu Francisco, onde aprendi a nadar, enquanto meus tios e os primos Tonho, Zé, Luiz, Tereza e Maria saiam para trabalhar na malhada. Eles plantavam principalmente a mandioca para fazer farinha, macaxeira, batata, inhame, feijão, cebola e milho. Ao meio dia, voltávamos para o almoço, e de tarde ficávamos brincando de bola, furão, bola de gude, pular corda ou íamos visitar os sítios vizinhos de Antônio de céu, Joca e Nilo. À noite, depois do café, ficávamos no terreiro, onde meu tio contava estórias de trancoso, a luz dos candeeiros ou da lua quando o céu estava estrelado e que podíamos ver as luzes da cidade de Itabaiana. Às 7 ou 8 horas da noite, todos iam lavar os pés para dormir, eu dormia na rede, e enquanto o sono não vinha, ficávamos brincando de perguntar um aos outros, o que é o que é, até que um a um adormecia.

     Todas as semanas, na Quinta-feira, acordávamos cedo e íamos de carroça de burro buscar a mandioca para fazer farinha. Ao chegar à casa de farinha, a mandioca era raspada, passada no rodete, depois  a massa era prensada para secar e passada outra vez no rodete para virar farinha, enquanto isso, a água que saia da prensa caia no cocho, assentava e transformava-se em tapioca para fazer os bejus. A farinha era levada ao forno de barro, mexida até ficar sequinha, peneirada, embalada em sacos de pano e transportada na carroça de burro por meu tio João até o mercado, atualmente Mercado Zezé de Bevenuto, onde meus primos Zé, Antônio e Luiz vendiam-na na feira do sábado.

     Na sexta-feira, depois de feita a farinha, tia Alaíde peneirava a tapioca e fazia bejus de amendoim, coco e também de massa. Para as crianças, ela fazia com açúcar e menores e para o café era feito um enorme e dividido para todos. Às vezes, meus tios aproveitavam o forno quente para assar pé de moleque, que era preparado no início da semana quando era colocado um saco de macaxeira ou mandioca dentro da fonte para fazer a puba, uma massa que misturada com coco, açúcar e cravo, era colocada em palha de bananeira e assada. Na minha vida, nunca comi um pé de moleque igual ao de tia Alaide.

     Um dia especial no sítio era a comemoração do São João. Logo cedo os homens iam a procura no pasto de uma árvore comprida e fina para fazer o mastro e catar lenha seca para a fogueira. Ao mesmo tempo, as mulheres se deslocavam para a malhada para pegar espigas de milho, que misturadas depois com o coco eram preparadas várias comidas tradicionais como a canjica, pamonha, bolo de milho, mungunzá. Também eram feitos bolos de macaxeira  e puba e pé de moleque. À noite, acendia a fogueira e assavam as espigas de milho e também  batatas. Minha mãe e meus irmãos também passavam este dia especial no sítio e retornavam à tarde.

    Na época de caju, titia mandava eu e Zé Carlos catar castanhas debaixo dos cajueiros, e à tarde, depois de voltar da malhada, assava-as e quando esfriavam, nós as quebravam para comermos no café da noite.

     No sítio existiam três fontes, e todos os dias recebíamos a tarefa de buscar água de beber na fonte que ficava próximo a porteira do sítio, titia deixava a água assentar nos baldes e somente no outro dia, após amarrar um pano branco na boca do pote, a água era despejada para coar e poderia ser bebida.

     Como todo brasileiro, meus primos gostavam de futebol e resolveram  fazer um campinho de pelada no pasto, numa área próxima a fonte. Ao final da tarde, quando acabava o serviço na malhada, nós e os vizinhos jogávamos futebol até o entardecer.

     Em 1973, quando eu tinha 11 anos, eu e minha irmã Dete compramos de meia uma bicicleta Monareta e foi através dela que passei a ir para o sítio a qualquer dia da semana. Antes desta data, aprendi a andar de bicicleta na de Zé Carlos, pois ele estudava no Grupo Escolar Guilhermino Bezerra na Praça João Pessoa e a deixava na garagem de minha casa, e escondido, eu a pegava para andar na Rua 7 de Setembro. Aprendi depois de muitas quedas e arranhões.

     Já faz um bom tempo que titia mora na cidade, mas nunca deixou de ir ao sítio, principalmente porque cria algumas cabeças de gado.  Já fazia alguns anos que eu tinha visitado o batula. Como é bom lembrar o passado e matar as saudades das coisas e locais que nos fizeram tanto bem. Se fosse possível gostaria de voltar o tempo e reviver os bons momentos de infância que passei no sítio batula ao lado de meus familiares.


Por Professor José Costa

Fatos que marcaram minha vida

Ao completar 54 anos de vida, tive a ideia de dividir humildemente com amigos e familiares alguns fatos marcantes da minha vida pessoal, familiar e profissional. Como é quase impossível lembrar-me de todos os acontecimentos, vou relatar os mais importantes, memoráveis e inesquecíveis de minha vida, em ordem cronológica:

     Em 05 de julho de 1961, numa quarta-feira, nasci na casa situada a Praça João Pessoa com os cuidados e trabalho de parto da Cecília parteira. Meus pais Maria da Graça Costa e Josias Costa, já tinham dois filhos, Tonho e Cida, e posteriormente, nasceram Dete e Lourdes.

     Tive uma infância brincando e jogando pelada com meus amigos e irmãos na Praça João Pessoa, e passando finais de semana ou tirando férias escolares no sítio da minha tia Alaíde no Batula ou no sítio do meu tio Zequinha na Fazenda Grande.

     Aos 7 anos iniciei meus estudos na 1ª série do primário no Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Precisei levar umas chineladas de minha mãe por não querer ir à escola, mas é claro que fui e continuo estudando até os dias de hoje.

     Em outubro de 1972, quando eu tinha 11 anos, meu pai faleceu por motivo de doença. A partir daquele momento, mãe criou e educou os cinco filhos com amor e dedicação. No final do ano, terminei o 4º ano primário.

     Em janeiro de 1973, fiz a prova de admissão para estudar a 5ª série no Colégio Estadual Murilo Braga e fui aprovado, pois era o sonho de todos os alunos itabaianenses.

     Em 1976, comecei a praticar basquete nas aulas de educação física com o Professor Romilto Mendonça e foi onde surgiu a paixão pelo basquete que posteriormente marcou a minha vida profissional. Participei dos Jogos Estudantis em Aracaju pela a categoria A de basquete. A melhor classificação da minha participação nos jogos foi em 1979, um honroso 4º lugar, com o professor José Antônio Macêdo.

     No final do ano de 1979, concluí o 3º Ano do Segundo Grau, atualmente Ensino Médio.

     Em janeiro de 1980, fiz o vestibular para o Curso de educação física da UFS e fui aprovado, um sonho concretizado, pois desde a 8ª série já tinha decidido sobre a minha futura profissão, ser professor de educação física. Em Abril, um mês após ter iniciado os estudos na UFS, consegui o emprego de professor de educação física no Colégio Estadual Murilo Braga, já que naquela época, o universitário poderia ser contratado pelo Estado. Ainda no mesmo ano, especificamente no mês de Junho, comecei a namorar a aluna Madileide, com quem casei alguns anos depois.

     Nos Jogos da Primavera de 1981, ganhei minha primeira medalha como técnico de basquete pelo CEMB, campeão pela categoria A feminina de basquete, disputando a final contra o Colégio Castelo Branco, na quadra da Associação Atlética de Aracaju. Como técnico de basquete, ganhei mais de duzentas medalhas em competições oficiais com os colégios onde trabalhei.

     Em 1984 e até meados de 1985, fui coordenador de educação física do CEMB e ao mesmo tempo ensinei basquete. Em 1984, criei a Associação Itabaianense de Basquete para organizar, desenvolver e incentivar a prática do esporte em Itabaiana.

     Em agosto de 1985, conclui o curso de educação física da UFS e recebi o diploma no Ginásio de esportes Constâncio Vieira juntamente com os meus colegas e familiares. Mais um sonho realizado com muito esforço e dedicação, pois no período de 1980 a 1985 eu estudava e trabalhava.

     Durante 6 anos namorei com Madileide e em julho de 1986, nos casamos na Paróquia Santo Antônio e Almas de Itabaiana com as presenças de familiares, amigos e alunos. Neste ano, através de uma ideia minha, a Prefeitura de Itabaiana implantou o Projeto Rua de lazer, nele trabalharam os professores Valtênio, Benjamim, Wilson, Jair e Josiel.

     Em março de 1987, criei o Jornal do Basquete para informar e divulgar as notícias do basquete de Itabaiana.
 
   Em janeiro de 1988, fui ao colega e amigo Neto, vice-diretor do Colégio Graccho e solicitei o emprego de professor de basquete, fui atendido e trabalhei nesta grande instituição de ensino por 22 anos.
                   
     Em agosto de 1988, nasceu meu primeiro filho, Júnior; em novembro de 1990, o segundo, Lucas e em fevereiro de 1992, Thiago, três bênçãos de Deus em minha vida.

     Em março de 1989, com a indicação do coordenador Cobrinha, Jairton Guimarães, fui contratado pelo Colégio Salesiano para ensinar basquete. Trabalhei por 21 anos e aprendi muito com os ensinamentos de Dom Bosco, grande educaçdor.

     Em 1993, recebi o convite de Irmã Auxiliadora para dar aulas de basquete no Colégio Dom Bosco, aceitei e continuo até os dias atuais.

     Em 2003, minhas equipes do Colégio Dom Bosco venceram 3 copas sergipana de voleibol em Aracaju e ganhamos o direito de representar Sergipe nos Jogos Estudantis Brasileiro, JEBs, em Brasília. Ao final do ano, a Federação Sergipana de Voleibol, FSV, me escolheu como o melhor técnico de voleibol feminino do Estado.

     Em 2006 e 2007, assisti a duas competições internacionais, o Campeonato Mundial de Basquete feminino, em São Paulo e os Jogos Panamericanos, no Rio de Janeiro, respectivamente. Em ambas, meu filho Júnior viajou comigo.

     Em outubro de 2008, fui homenageado com uma placa pela Secretaria de Estado da Educação na solenidade de abertura do Encontro Estadual de Educação Física pelos relevantes serviços prestados a educação física no Estado.

     Em 2009, criei o Blog Professor José Costa com muita satisfação e orgulho, e que em breve, chegará a marca de 3 milhões de acessos. Ao final do ano de 2009, pedi demissão dos colégios Salesiano e Graccho por motivos pessoais. Sou agradecido pela acolhida e respeito ao meu trabalho por mais de 20 anos.

     Em 2010, recebi o convite de Everton Oliveira para dar aulas de educação física no Colégio O Saber, onde continuo até hoje. Em julho de 2010, conclui a Pós-Graduação em Gestão Ambiental: Recursos naturais e estratégias de sustentabilidade pela Faculdade Educacional Araucária - FACEAR e do Instituto Superior de Educação Avançada – MASTERIDEIA.

     O ano de 2013 foi o mais triste para mim e minha família, pelas mortes da avó de minha esposa, Dona Maria, da minha sogra, Dona Bernadete e principalmente de minha mãe, Maria da Graça Costa, a qual devo tudo que sou. Estas três mulheres de fibra marcaram minha vida e de todos os familiares, pois tiveram uma história de amor, dedicação e exemplo de vida as suas famílias. No mês de agosto, tive a alegria do nascimento de minha querida netinha, Laisa, a criança mais linda do mundo.

     Em setembro de 2014, o Sindicato dos Profissionais de Educação Física e o Conselho Regional de Educação Física me homenagearam com um troféu pelo trabalho dedicado à modalidade esportiva Basquetebol no Estado de Sergipe.

     Em abril de 2015, fui homenageado pela Associação Basquete Coletivo pelos 35 anos dedicados ao basquete sergipano como técnico, mestre e amigo do esporte.

     Agradeço a Deus pelos 54 anos de existência e rogo a Ele que continue abençoando e iluminando minha caminhada, concedendo-me muitos e muitos anos de vida para que eu possa  contar mais fatos marcantes de minha vida.


Por José Costa

Pobre futebol brasileiro

Pela segunda vez consecutiva, o Brasil foi eliminando pelo Paraguai nas cobranças de pênaltis das quartas de final da Copa América. A desculpa desta vez foi uma virose que acometeu alguns jogadores durante a semana. E com este resultado, a seleção brasileira ficará de fora pela primeira vez da Copa das Confederações, competição a qual  o Brasil já venceu 4 vezes,  e que em 2017 será realizada na Rússia, servindo de preparação para a Copa do Mundo de 2018.
  
     O futebol brasileiro está em decadência já faz algum tempo, a prova disso, foi a derrota da seleção brasileira por 7 a 1 frente à Alemanha na Copa do Mundo de 2014, o maior vexame que o Brasil já passou nos gramados. Alguns dias atrás, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foi detido na Suíça, juntamente com outros membros da FIFA pela acusação de corrupção, e com isto, surgiram boatos nas redes sociais da venda do jogo final da copa pelo Brasil a Alemanha. Pessoalmente não acredito nesta versão, o Brasil perdeu o jogo foi por incompetência e falta de amor dos jogadores pela camisa da seleção brasileira. Além de que a Alemanha era uma equipe com melhor nível técnico.

     Atualmente, os melhores jogadores de futebol do país jogam em clubes da Europa e recebem milhões em salários e patrocínios, com isto, vestir a camisa verde amarela e representar o país em uma competição e só mais um compromisso profissional. Enquanto isto, a maioria dos atletas que jogam no Brasil recebem até dois salários mínimos por mês, às vezes com salários atrasados pelos clubes e jamais serão convocados para a seleção brasileira.

     Não sou contra a convocação de jogadores que jogam na Europa, pois se eles estão jogando lá é porque são bons, mas o técnico da seleção deveria priorizar jogadores que estão disputando os nossos campeonatos regionais e nacionais para valorizá-los, e com isto, melhorar o nível técnico dos atletas e das competições e consequentemente da seleção brasileira.

     Atualmente, o Brasil está em 5º lugar no ranking da FIFA, mas provavelmente após a derrota na Copa América, cairá algumas posições. Enquanto o futebol brasileiro está ficando pobre de títulos e de nível técnico, os torcedores desiludidos com os resultados da seleção; alguns jogadores, dirigentes e clubes estão cada vez mais enriquecendo com o esporte. Cabe aos torcedores cobrarem dos dirigentes, técnicos e jogadores mais responsabilidade, compromisso e amor pela grande paixão dos brasileiros, o futebol. E quem sabe no futuro, o Brasil volte a ter o verdadeiro futebol, ser campeão e o número 1 no mundo.


Por Professor José Costa